30 novembro 2006

Finamente a nossa filhota abriu.

Mesmo com algumas pequenas falhas como a colocação de linhas de Internet, que o nosso país é craque a resolver problemas, deu-se o arranque em pleno verão.

Pensamos que seria já tarde. Que quem viajava no verão havia já feito as suas compras. Enganamo-nos redondamente. Esse resto de verão fez-se muito bem feito.

Tudo corria bem, até que surge a primeira viagem de trabalho que o meu menino tem de ir sem mim: Brasil!

Uma semana do outro lado do mundo, longe de mim. Seria a primeira vez que iria acontecer um afastamento tão longo e tão distante.

As minhas inseguranças voltaram. Os meus medos também.
As coisas estavam bem entre nós, mas aquela viagem iria dar cabo de tudo. E deu.

26 novembro 2006

Tristeza!!!!

Hoje é um dia menos bom. O meu amor foi parar ao outro lado do mundo em trabalho. Foi ontem e só regressa no proximo domingo. Maldita profissão que de vez em quando me leva o menino para longe.

Vamos ver como corre a semana... Espero que o maldito ciúme não se apodere de mim e arranje mais uma vez motivo para discutir com ele.

Mas digo e assumo, que já não sei estar sem ele. É horrível estar sózinho em casa. O sofá torna-se enorme. A cama vazia. O silêncio insuportável. O silêncio não é o mesmo quando ele está. Até podemos fazer o serão em silêncio, mas não é a mesma coisa.

Fazes-me falta. Volta depressa!

21 novembro 2006

Depois da escolha veio o primeiro balde de água fria: era preciso ter seis mil euros para poder adquirir o franchising. Começaram aí os nossos problemas. Não tínhamos, mas onde os poderíamos arranjar?

Pediu-se à família, a qual recusou a ajuda. Até que se resolveu tentar um empréstimo. Foi com sucesso. Já tínhamos o dinheiro para a aquisição. Agora encontrar o espaço e procurar alguém que fosse trabalhar também na empresa. Foi rapidamente encontrada a pessoa ideal. A seguir teriam de ir os dois para o Porto fazer a formação necessária para o franchising. Enquanto eu teria de tratar por cá todos os pormenores (e pormaiores) da empresa para se poder abrir em dois/três meses.

Foi uma correria. Pedir orçamentos a todas as empresas que poderiam fornecer serviços necessários à abertura da nossa, fazer obras necessárias, adquirir materiais e equipamentos, linhas telefónicas, Internet… parecia que nunca tinha um fim.

Cada semana que passava surgia um novo entrave. Parecia que as pedras nasciam no nosso caminho impedindo-nos de evoluir. Mas a nossa força interior e a nossa vontade tudo contornou.

Os meses passavam. Eles continuavam em formação no Porto. Os meus ciúmes tinham dias de tormento com ele no Porto sem mim. Mas foram sempre superados. Víamo-nos todos os fins-de-semana.

A formação entretanto termina. Eles regressam e a empresa estava pronta. Chega o primeiro dia de trabalho. Foi o nascimento da nossa “filha”, como lhe chamamos.

Trata-se de uma agência de viagens.

20 novembro 2006

Mudanças

Depois de algum tempo a viver juntos, o meu amor fica desempregado. As dificuldades, que já existiam, aumentam significativamente. As contas mantêm-se as mesmas, mas os rendimentos diminuem.

Curriculums enviaram-se para muito lado, mas as dificuldades de encontrar emprego neste país e nesta região são enormes. Pensamos muito em tudo o que se poderia fazer. A nossa sorte naquela altura foram os pais do meu amor, que muito nos ajudaram a pagar algumas contas, assim como os meus amigos mais íntimos, que não faltaram com o apoio incondicional.

Num serão de visita a casa de uma amiga e em conversa, surge a ideia de abrir algo nosso. Mas o que? Teria de ser algo que ambos gostássemos e que fosse minimamente rentável.

Varias foram as pesquisas feitas na net acerca de potenciais empresas. Até que surge a ideia de um franchising. Ainda assim restava pesquisar a viabilidade do mesmo.

Após muitas pesquisas, decidimos enviar vários pedidos de informação por mail para varias empresas da mesma área. Recebemos informações de todos e depois de todos serem bem explorados, decidimos marcar uma reunião com uma delas no grande Porto.

Fomos a dita reunião e o resultado desta foi positivo. Vimos uma nova luz no fundo do túnel. Já tínhamos escolhido o novo ramo de trabalho do meu amor.

A partir dali parecia que a nossa vida ia tomar um rumo melhor.

15 novembro 2006

Os tempos passavam e nós encontrávamo-nos apaixonados. Pelo menos era o que pensávamos. Vivíamos naquela casinha nos arredores da cidade. A vizinhança era simpática, felizmente. Umas vezes falavam com ele e referiam-se ao “seu primo” outras vezes, o “seu amigo”, mas rapidamente perceberam o que éramos. Não era difícil.

Vivíamos juntos. Trocávamos de carro muitas vezes, assim como de camisas e casacos. Não seria difícil perceber.

Tudo parecia correr bem. Os meus, agora nossos, amigos visitavam-nos. Nós a eles. Mas havia sempre algo que era capaz de destruir toda aquela aparente felicidade. Um telefonema despropositado dum ex dele, que apesar de saber que ele havia “casado”, insistia em tomar um café, em dar “uma volta” em ir a “umas festas”…

Aquilo dava cabo de mim em três tempos. Mais me incomodava o facto dele atender as chamas e ser simpático. Ou, mais ainda, nem sequer sem assertivo ao ponto de lhe dizer algo parecido com “estou casado… não estou disponível… não me ligues mais… ou, simplesmente, deixa-me em paz!”

Até que um dia tive de ser eu a fazê-lo. Num belo domingo ao almoço em que o meu menino sai para almoçar em casa dos pais. Aproveitei para ligar ao outro, que também me conhecia muito bem, embora não tenha nunca tido nada comigo.

Como ele não tinha o meu número de telefone, liguei. Fui cordialmente atendido e identifiquei-me “olha lá, não sabes que o J. está comigo? Não sabes que é casado?”

Gostaria muito de ter visto a cara dele. Senti que ficou constrangido com o meu telefonema. Nunca pensou que eu fosse capaz de o fazer. Respondeu que sim que sabia, ao que retorqui com um “e não tens vergonha de fazeres o que estas a fazer? Gostarias que te fizessem o mesmo? Agradeço que pares por aqui ou te garanto que as medidas seguintes serão muito piores para ti. Não te esqueças que eu não tenho nada a perder”

Obviamente que eu não tomaria nenhuma atitude mais drástica que confrontá-lo pessoalmente, mas aquela última frase resulta em 95% dos casos quando o outro sabe que não tem razão; transmite segurança nas nossas palavras e provoca algum receio do outro lado.

13 novembro 2006

Queria pedir desculpas a todos os que nos visitam, mas a realidade é que estive qusente por motivos de trabalho, mas agora regressei e brevemente continuarei a postasr os episodios das nossas vidas!
Obrigado a todos pelos vossos comentários!

02 novembro 2006

As seguintes vezes que contei...

Outras foram as reacções de outras amigas. Claro que estavam relacionadas com as personalidades das mesmas.

Quis ir contando gradualmente a cada uma delas, àquelas a quem sempre tive em grande consideração. Em quem sempre confiei. Com quem sempre contei para tudo.

E a segunda escolhida foi a C. é mais nova que eu alguns anos. Ambos estávamos em Lisboa a trabalho. Resolvemos tomar um café ao final de tarde. Deu-me hipótese de sugestão e escolhi o melhor local para o acontecimento: a passarelle dos gays ao final do dia. Chiado.

Estivemos sempre rodeados pelas malucas que tanto gostam de se exibir e aos seus adereços rascas, mas que aparentam (ou tentam aparentar) serem Christian Dior e afins.

Deixei-a falar de todos os problemas que passava com o namorado e, no momento oportuno, quando ela referia os ciúmes que ele tinha a meu respeito, soltei: diz-lhe que sou gay e ele vai parar de implicar. Obtive uma resposta tão banal, que tive de repetir: “amiga, estou a tentar dizer-te que sou gay”

Acho que nunca na vida o meu braço tinha sido tão apertado por uma mão. Qual criança feliz por receber um presentão… “A sério?...não acredito… que fixe… tenho um amigo gay…” tudo isto em verborreia catársica ao mesmo tempo que o meu braço era triturado pela alegria e força da sua mão.

Claro que surgiram todas as questões (algumas inconvenientes) de uem queria saber tudo: “e levas ou dás?... e gostas de sexo oral?... de fazer ou receber…?”

Convidei-a para tomar uma bebida no final da noite, num bar gay de Lisboa, para que a conhecesse. Foi mais uma experiência deliciosa com a minha querida C. que esteve todo o tempo a observar os movimentos à sua volta e comentado pequenos pormenores como a beleza da maioria dos homens que pelos olhos dela iam passando, pelo desperdício que eles eram, pelos rabos perfeitos que mostravam…

Na saída elogiou a existência de espaços como aqueles, onde podíamos estar descontraidamente sem esconder o que somos, nem sermos apontados. Só uma pequena coisa a incomodou: “ninguém olhou para mim!”. Foi delirante ouvir este comentário de alguém esteticamente bonito, atraente, charmosa e habituada a que todos os homens para ela olhassem.

Depois desta amiga outras foram as que tiveram o privilégio de conhecer toda a intimidade da minha vida. Todas reacções foram muito positivas e agradáveis. A proximidade que conquistei foi de tal ordem enorme, que hoje penso muitas vezes que se voltasse atrás no tempo faria um jantar de grupo em casa com todos e no final contaria a todos ao mesmo tempo.

O melhor de tudo é que todos esses amigos continuam e sê-lo cada dia mais. E faço parte da vida deles como família.