24 setembro 2006

Regresso de Paris....Decisões

Passados alguns dias os nossos comportamentos alteraram-se gradualmente. Dei comigo a fazer aquilo que nunca pensei fazer, como segui-lo de carro quando ele se despedia, ao final da noite, para confirmar se de facto ia para casa.

Assim como ele deixava a chave de casa, propositadamente, na minha casa e regressava passados uns 10/15 minutos para as buscar, só para verificar se eu não recebia outros ou não saia de casa para ir ter com outro.

Estes comportamentos, perceptíveis por ambos tornavam-se ridículos, apesar de ao mesmo tempo nos encherem o ego (era optimo saber que o outro tinha medo de nos perder).

Num dos habituais serões passados naquele sofá eu resolvi lançar uma pergunta que há muito tempo ruminava os meus pensamentos. Depois de ter induzido a conversa e a ter levado ao ponto que queria, surge a minha pergunta: “o que achas de irmos viver juntos?”

Parecia que eu tinha cometido um pecado capital, que tinha assinado uma declaração de suicídio, enfim. O rapaz tomou uma atitude de agressividade. Começou a gritar que eu era maluco, que o que é que dizia aos pais, que neste cidade nunca… Enfim, as justificações que dava eram imensas. Propus alugarmos uma casa fora da cidade, numa aldeia a redor, mas claro: “o que é que as pessoas vão falar quando se aperceberem que somos um casal?”

Qualquer que fosse a solução, era sempre por ele vetada. A única solução valida era irmos viver para longe. O que seria muito difícil, pois ambos empregos estava aqui. Por um lado eu entendia a dificuldade de passar a esta fase numa cidade tão pequena quanto a nossa, onde toda a gente conhece toda a gente e mesmo que não conheça, alguem conhece e fala e é sufuciente para começar a conhecer. Onde eu era uma figura pública. Mas aquilo para mim não era importante. Eu amava-o tanto que a opinião dos outros deixa de ter valor sobre mim e as minhas decisões passam apenas por avaliar o meu grau de felicidade.

Durante todo o discurso a agressividade esteve presente nos seus sentimentos e emoções e nunca foi verbal ou comportamental. Dizia-lhe, ao longo da conversa, que não precisava ficar assim, que não precisava falar tão alto. Apenas tinha feito um pergunta simples e que não teria de ser levada tão seriamente, nem responder-se naquele dia. Ainda ouvi: “já te disse que aqui não vivo nem contigo, nem com ninguém”.

Pensei para comigo que nunca havia visto alguém ficar naquele estado de uma forma tão veloz e com apenas uma pergunta. Concluí que não se falaria mais no assunto.

Os dias passaram-se dentro da normalidade. Pelo menos a nossa. Trabalho de dia e encontro de noite. Os meus dias eram passados sempre ansiando pela noite para poder vê-lo.

Uma noite, mais ou menos uma semana após este episódio, ele introduz uma conversa: “se fossemos viver juntos, para onde iríamos?” ao ouvir esta pergunta, respondi com outra: “o que é que queres dizer com isso?”.

Ele tinha decidido que queria viver comigo. Foi a loucura total nas minhas emoções e sentimentos. Eu pulava de alegria e ele também. Tínhamos decidido partilhar as nossas vidas. Realizar os nossos projectos a dois.

Depois destas euforias, paramos para pensar de que forma o faríamos, se procurávamos uma casa na cidade ou arredores, se os ordenados que tínhamos seriam suficientes. E decidimos procurar uma casa nos arredores, até porque seria certamente mais barata que na cidade. Mas o primeiro passo a tomar, traria-nos algum mal-estar e dor de cabeça: teríamos de dizer aos nossos pais. Este era certamente o passo mais difícil para ambos…