06 setembro 2006

Primeira crise e ainda não eramos nada

A nossa vida em conjunto foi decorrendo como se podia. Com ele a encontrar-se comigo ao final das noites (sempre atrasado, para não variar)

Naquela época eu estava desempregado. Após um brusco rompimento com a entidade patronal, tinha-me estupidamente demitido. A minha situação financeira era deplorável, mas o pouco que fazia em pequenos serviço serviam para simplesmente poder levá-lo de fim de semana. Tudo o que mais queria naquela altura era passar o maior tempo possível com ele.

Em Janeiro surge o nosso primeiro fim de emana ao estrangeiro: Madrid. Reservei quarto num hostal. Dinheiro contado para tudo, mesmo! Conhecemos a noite da “chueca” e regressamos no domingo. Ele dizia aos pais que tinha que me acompanhar em trabalho, para eu não ir sozinho. Que mentiras ridículas encontramos para fazer o que queremos…

Em Fevereiro mudei de casa. Passei a habitar um velho apartamento que, gentilmente, uma amiga me havia emprestado. Também nesta altura encontro um emprego pouco estável, mas que dava para suportar as despesas mínimas. E entramos numa fase quase de rotura.

Nesta altura ele deixa de querer fazer amor comigo. Continuava a fazer-me as visitas diárias, mas fazer amor…nada. Inicialmente pensei que seria por causa de problemas familiares, mas as semanas foram passando e sem desejo nenhum.

Cheguei a alugar filmes pornográficos heterossexuais (que horror, eu sei!!!!) para que o estimulasse, mas nada. Adquiri um óleo de massagens para o seduzir e o resultado fora nulo. Algo de estranho se passava. Cometi a loucura de, várias vezes, após ter saído de casa, deslocar-me para confirmar se ia mesmo para casa dele ou ia ter com outro que lhe desse prazer. Imaginem o tormento que passava pelos meus pensamentos.

Surge outra oportunidade de irmos a Lisboa de fim de semana e lá fomos. Novamente hotel Ibis. Novamente saída à noite gay. Novamente Trumps. Novamente muitos sorrisos e simpatia para quem sorrisse. Novamente uma crise minha. A pior de todas, até àquele momento. Porque? Perguntam os leitores. Porque resolveu dar conversa animada (aos meus olhos) para um belo exemplar de carne que se aproximara.

E aconteceu mais ou menos assim:

Eu: vou-me embora
- já?
- sim, estou cansado e quero ir dormir
- mas é tão cedo ainda
- eu sei, mas estou cansado, retorqui novamente
- está bem, vamos
- mas se quiseres ficar, fica. Sabes onde é o hotel
- não sejas tolo.

E regressamos ao hotel. Depois das devidas higienes estarem efectuadas. Deitamo-nos e resolvi, mais uma vez, seduzi-lo. Provocá-lo. E ouço como resposta “não me apetece”

Adequei o meu comportamento àquela frase, mas a dor da rejeição era já tão grande que não consegui conter-me e resolvi levantar-me acender a luz da cabeceira e começar a fazer a minha mala para regressar a casa.

Ele assustou-se e pergunto o que se passara e expliquei-lhe que estava cansado daquela situação, da rejeição. Inclusive que sentia ciúmes da atenção que houvera dado há minutos atrás na discoteca. Tudo aquilo fervilhava na minha cabeça. Por isso é melhor acabarmos com isto por aqui, pois queria parar de sofrer mais ainda.

Sentou-se na cama e as lágrimas começaram a brotar dos seus olhos como se de a morte de alguém se tratasse…

3 Comments:

Blogger Marlene said...

Estou a adorar o blog! Fico à espera do resto da história...

8:51 da tarde  
Blogger Sìlvia Neves said...

Um blog cheio de sentimento e de agradável leitura.
Os meus parabéns.

11:41 da tarde  
Blogger o_ParaKedista said...

E depois, e depois?!?! Espero q esteja td bem com voces. Bjokas

4:15 da tarde  

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