16 outubro 2006

Tremores meus

Ali vivemos durante um ano.

Ali recebemos os nossos amigos. Ali nos amamos. Ali tivemos as nossas gatinhas. Ali estávamos a construir a “nossa” família. Ali tivemos as nossas crises de ciúmes, que quase destruíram a nossa relação.

Ali tivemos a nossa primeira e única experiência sexual com um terceiro. Há muito tempo que falávamos nisso. O meu amor dizia-me que faria tudo para que eu fosse feliz, para me fazer feliz, mas tudo não passava de conversas apenas. Ele sabia que eu gostava de sexo a três. Que já o havia feito no meu passado e que era algo que me excitava e dva bastante prazer. Assim como a ele.

Muitas noites acedemos à net, teclávamos com estranhos, criamos uma pagina de perfil num site de encontros. Sempre falamos muito sobre isso. Ambos queríamos fazê-lo, mas sempre que a conversa com alguém se tornava mais quente, rapidamente eu queria terminá-la por ali e apagar o indivíduo do nosso msn.

Apoderava-se de mim um sentimento horrível de perca, sentia sensações que me perturbavam muito. Pensar em partilhar o meu amor com alguém era, cada vez que qualquer atitude demonstrava proximidade da situação, impensável para mim. Sabia que os ciúmes seriam muito fortes. O medo de o perder era horrível. Imaginar que ele se poderia apaixonar pelo outro deixava-me louco de ciúmes.

Numa dessas noites em que teclávamos com alguém da região, a conversa foi-se tornando agradável. Era uma pessoa simpática. Bem formada. Educada e que, com subtileza, sabia conduzir a conversa ao tom sexual, tornando-a interessante e agradável. Chegou a ligar a webcam para nos mostrar o equipamento com que tinha sido beneficiado pela natureza.

Após muito tempo de conversas e convites insistentes por ele feitos, houve uma noite que acedi a um desses convites. Fomos ao encontro dele na sua casa. Era já noite e véspera de dia de trabalho. Homem maduro, simpático, bem parecido, algo atraente e bom conversador e educado. Recebeu-nos bem.

Conversamos durante bastante tempo. Fui honesto com ele e referi que apesar do impulso que ali nos trouxera, não me sentia seguro em avançar. Ao que recebi que a nada era obrigado e que simplesmente poderíamos construir uma boa amizade a partir dali.

Aquilo relaxou-me. A determinada altura ele teve de se ausentar da sala onde nos recebera. E o meu amor e eu conversamos sobre o assunto que ali no levara.