27 agosto 2006

29 de outubro 2003-II

Uma conversa que inicialmente se baseou em sexo, no que tu me farias e no que eu te faria. Mas, sem se perceber porque, o assunto foi parar a temas mais sóbrios e menos quentes, mas sem perder o interesse.

A determinado momento ele diz que tinha procurado ajuda para resolver um problema num profissional que trabalhava na mesma rua que eu. Qual não era o meu espanto, que esse profissional era eu mesmo, pois não havia outro na mesma rua.

Perguntei-lhe o que achou “dele”.

- “Achei-o engraçado e interessante”
- E como era ele?
- Gordinho, com óculos, barba (meu deus era mesmo eu de quem ele falava)

Após ter-lhe feito algumas perguntas, as quais ele respondeu sem saber com quem falava, pois eu não passava de mais um engate, perguntei-lhe:

- Queres uma surpresa?
- Claro que sim
- Então vem ter comigo agora
- A esta hora? Não vivo sozinho. Que digo aos meus pais para sair de casa a esta hora?
- Inventa algo, retorqui
- Não pode ser amanhã?
- Ou hoje ou não será outro dia. Isto porque vivo numa cidade pequena, onde o medo da recriminação social era muito elevado e era a primeira vez que me dispunha a um encontro com alguém da cidade.
- Está bem. Onde nos encontramos?
- No parque de estacionamento do ******, pode ser?
- Pode. Lá estarei daqui a 10 minutos.

Dez minutos depois apareceu aquele que me iria perturbar. Naquele momento já eu sabia com quem falava, pois as perguntas anteriores serviram para o identificar no meio de centenas de pessoas que atendo ao logo da vida.

Mal entrei no carro que ele conduzia, perguntei-lhe:

- Queres então uma surpresa?
- Sim
- Então acende a luz interior. E mal o fez, transformou a expressão num olhar de susto e palidez:
- És…és o meu *******
- Sim sou. E então?
- Estás diferente. Mais magro, sem barba…

E duas horas se passaram de conversa, com frases tentadoras pelo meio:

- Apetecia-me tanto dar-te um beijo
- A mim também…

E pela conversa nos ficávamos, como dois virgens adolescentes num primeiro encontro amoroso, relatado pelas centenas de romances e filmes americanos.

No final da noite disse-lhe:

“Vais fazer-me muito bem e muito mal ao mesmo tempo”